Mulheres ainda precisam lutar contra preconceito

Busquemos um jeitinho de sermos mais alegres, mas dessa vez de verdade.

Segunda-feira fez exatamente um ano que a auxiliar de serviços gerais, mulher, mãe, negra, dona de casa, esposa, carioca, favelada e brasileira, Claudia Silva Ferreira foi assassinada e teve seu corpo arrastado ao longo de uma via, como que na reprodução  dos piores suplícios da idade das trevas.
Ainda no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher devemos  atentar para a total contradição que ainda marca nossa sociedade  no que diz respeito ao feminino. Propositalmente, me refiro ao assunto usando a palavra feminino, para fazer e compartilhar essa reflexão acerca dos assuntos relacionados às discussões de gênero e para chamar a atenção, de que a despeito das leis que vão tratar especificamente do tema, e do que o viola, como a Lei Maria da Penha e a mais recente Lei do Feminicídio, para que vejamos claramente, que seja simbolicamente ou de fato, nossa sociedade demonstra que isso não é assunto resolvido ainda.
Já trouxemos aqui um sem número de dados que apontam em meio  tudo isso, uma pior situação quando o alvo são as mulheres negras. Os insultos e frases de baixo calão desferidos contra a senhora que preside nossa República, e que são tranquilamente também desferidos contra muitas mulheres no trânsito, no trabalho, no cotidiano, sem pudor algum, demonstram que uma situação aparentemente normal e natural faz vir à tona o pior da misoginia, do machismo e das marcas que o patriarcado deixou.
Há uma longa e árdua caminhada até que sejamos respeitadas como cidadãs de fato e não de segunda classe. É urgente lutarmos pela implosão das estruturas que mantêm e disseminam, mesmo que de maneira subliminar, a ideia da superioridade masculina e que faz com que até outras mulheres compactuem com determinadas atitudes violentas.
A ideia de um superior vai incidir diretamente na busca de um outro inferior e se não o for, criam-se as condições para torná-lo, sem que nada ou muito pouco seja feito para mudar. Lembremos do caso Eliza Samudio, que denunciou, buscou auxílio e não foi ouvida. São processos seletivos, onde há ainda a “mulher que merece” crédito ser ouvida e a que “não merece”. Agora no ar, uma novela em que uma mãe precisa entregar seu corpo para salvar um filho. Isso nos leva a pensar se porventura o tema seria o mesmo no caso de um pai viúvo. Já não há mais comoção, são poucas as lembranças do caso Cláudia, tantos outros se sobrepuseram, mas é aí que está o pulo do gato. Em trazermos sempre a questão ao centro da cena. Já que o mês é nosso, vamos aproveitá-lo ao máximo.

“A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!”

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