BID investe US$ 500 mil até 2017 em programa de apoio a empreendedores afro-brasileiros
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) investirá R$ 500 mil até 2017 em um programa inédito no país, de apoio a empreendedores afro-brasileiros. O Inova Capital – Programa de Apoio a Empreendedores Afro-Brasileiros visa identificar empreendedores com ideias inovadoras, negócios de alto potencial de crescimento e com impacto social e ambiental e capacitá-los para que desenvolvam seus planos de negócios, apresentem a investidores e, desta forma, tenham acesso ao capital necessário para o seu desenvolvimento. O programa, ainda, desenha novos mecanismos de investimento públicos e/ou privados, direcionados a apoiar afro-empreendedores, e estuda as preferências dos consumidores negros.
“Esta é uma temática estratégica para o BID porque os negros do Brasil somam 68 milhões de consumidores, conforme Estudos Data Popular, e 11 milhões de empreendedores, segundo relatório do Sebrae. Entretanto, somente 900 mil são empregadores. Além disso, os negros brasileiros representam 70% dos afrodescendentes da América Latina. Constatamos também que o acesso a financiamento e as capacidades de gerir um negócio sem dúvida persistem como importantes barreiras ao crescimento de todas empresas, contudo os empreendedores afrodescendentes muitas vezes enfrentam barreiras adicionais em decorrência de arranjos discriminatórios históricos. Diante desses desafios, resolvemos implementar o Inova Capital, que contempla ações de capacitação, mentoria, coaching e de aproximação entre afro-empreendedores e o mercado investimento”, afirma Luana Marques Garcia, especialista em Desenvolvimento Social da Divisão de Gênero e Diversidade do BID.
O Inova Capital – Programa de Apoio a Empreendedores Afro-Brasileiros é constituído por fundos não reembolsáveis de US$ 500 mil, direcionados para duas vertentes: entender o mercado consumidor negro e apoiar o segmento afro-empreendedor.
Inova Capital – Programa de Apoio a Empreendedores Afro-Brasileiros identifica negócios inovadores e com alto potencial de crescimento, capacita, dá visibilidade e conecta com investidores. Também estimula diversidade nos investimentos.
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“Queremos aumentar a participação de negros e de negras entre as maiores empresas do Brasil, por meio de ‘empreendedores embaixadores’, para mostrar aos mercados que é possível ter muito retorno investindo em negócios e ideias de afrodescendentes, os quais desenvolvem produtos e serviços com efetivos impactos social e ambiental, e beneficiando muito além dos segmentos predominantemente negros”, sinaliza Luana, salientando que “há vantagens na diversidade de investimentos”.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento também está conduzindo um levantamento no país sobre o mercado afro-brasileiro, envolvendo preferências de marcas, comportamento do consumidor e publicidade nas redes sociais.
Capacitação e competição e negócios inéditas na América Latina
O Inova Capital – Programa de Apoio a Empreendedores Afro-Brasileiros começou no ano passado, com a identificação de 1.500 empresas fundadas por pelo menos um afrodescendente, cadastradas na Plataforma Brasil Afro-Empreendedor, desenvolvida pelo Sebrae e pelo Instituto Adolpho Bauer. Resultou em 185 inscrições do total de 79 negócios. A etapa de inscrições envolveu consultores do Sebrae e o processo de seleção reuniu especialistas do BID, da Endeavor, da Anjos do Brasil e da Key Associados. Foram escolhidos 30 negócios de diversas cidades do País e com variados níveis de maturidade para participarem da etapa de capacitação. O programa conta, ainda, com a parceria estratégica da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo (SMPIR).
Brasil tem 11 milhões de empreendedores afrodescendentes e 68 milhões de consumidores negros, mas o segmento encontra barreiras para obter capital e crescer.
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Os 30 afro-empreendedores receberam capacitação on-line pela metodologia “Bota pra Fazer” da Endeavor durante seis semanas. Ao final, tiveram aula presencial no Insper sobre oratória e como apresentar suas empresas aos investidores do mercado de capital.
Em julho, o programa realizou uma rodada de pitches inédita na América Latina – a primeira competição de negócios de empreendedores afrodescendentes para investidores brasileiros. Participaram da banca de avaliação os investidores-anjo Cassio Spina, Fátima Laplaca, Julio Marques, Julio de Campos, Marco Poli e Otavio de Luz, além de Alexandra Loras, consulesa da França em São Paulo, Carolina Fouad Kamhawy, do Insper; Ilana Nasser, da Endeavor e Marco Fujihara, da Key Associados, coordenadora do programa no país.
Programa desenvolvido em parceria com Endeavor, Anjos do Brasil, Key Associados, e com o apoio do Sebrae capacitou 30 afro-empreendedores e realizou competição de negócios inédita na América Latina. Quatro empresários negros foram destacados.
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Dos sete empreendedores participantes, quatro foram reconhecidos pela performance e potencial de atrair investimentos. Os três primeiros colocados permanecerão com os seus negócios na Plataforma da Anjos do Brasil por três meses, para avaliação de investidores. Os empresários reconhecidos são:
- 1º lugar – Matheus da Silva Cardoso, de São Paulo (SP). Fundou o Moradigna, um negócio social na área da habitação, que oferece reformas de casas às populações menos favorecidas.
- 2º lugar – Adriana Barbosa, de São Paulo (SP). Criou a Black Codes, uma plataforma que visa empoderar a população negra brasileira e estimular avanços de presença desse segmento da população no mercado publicitário.
- 3º lugar – Hamilton Henrique da Silva, de São Gonçalo (RJ). Desenvolveu o Saladorama, o primeiro negócio de impacto social do Brasil voltado para a alimentação e a hidratação saudável de crianças e jovens.
- Menção honrosa – Alyne Garcia Jobim, de Porto Alegre (RS). Criou a Integrare, uma consultoria especializada em capacitação e oferta de acesso ao mercado para pessoas com deficiência.
O site www.inovacapital.net.br traz detalhes desta iniciativa e o perfil dos 30 afro-empreendedores selecionados. Também será possível acompanhar as novidades do programa pelo site.
Durante todo o segundo semestre de 2016, o projeto implementará a estratégia de comunicação externa, por meio do site, redes sociais, email marketing e relacionamento com a mídia, a fim de dar visibilidade ao programa e aos 30 afro-empreendedores.
3 comentários, add yours.
Luis Adolfo de Jesus França
cnpj 64.016.900/0001-00
carlos trindade
boa iniciativa
Jorge Ribeiro Silva
Fundei a primeira revista independente a cobrir o Poder Judiciario no Pais ( fonte OAB ), Inúmeras vezes procurei apoio daquelas instituições, que propagam apoio ao empreendedor afro descendente. Até hoje,lamentavelmente, apenas ouço discursos e justificativas, que, na maiorias das vezes não me contemplam.Hoje, ainda, procuro ignorar as observações,contra aqueles (as) que,segundo críticos,,utilizam nossas triste realidade para se contemplarem a frente das instituições ,criadas, com a finalidade de apoiar de forma concreta os empreendedores que lutam pelo seu espaço em nosso pais. Continuo torcendo que os empreendedores afro descendentes realmente possam contar com o apoio institucional das “nossas”entidades,e que não sejam apenas vistos e tratados como pano de fundo.Estamos juntos.