Novembro Azul: Abrace essa causa!
Muitos associam este mês específico ao preto por causa das promoções da Black Friday. No entanto, o mês pede reflexão com a campanha Novembro Azul.
Seguindo a linha de cores que começa com o Setembro Amarelo, com a prevenção do suicídio, e o Outubro Rosa, com a campanha de conscientização sobre o câncer de mama, agora é a vez dos homens pensarem em saúde.
A Campanha Novembro Azul foi criada inicialmente na Austrália para alertar sobre a importância da prevenção do câncer de próstata. No entanto, hoje, a campanha é realizada globalmente e abrange a conscientização de todas as doenças masculinas.
Por que falar sobre câncer de próstata?
Muito simples. Os homens têm uma reputação de não cuidar muito de sua saúde. Ao mesmo tempo, o câncer de próstata é o mais frequente entre os homens, superado apenas pelo câncer de pele.
Vamos aos números. O câncer de próstata representa 29% dos diagnósticos de câncer no Brasil. É a segunda principal causa de morte por câncer entre os homens em todo o mundo. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que haverá 65.840 novos casos a cada ano entre 2020 e 2022. A American Cancer Society estima 191.930 novos casos nos Estados Unidos somente este ano e 33.300 mortes pela doença.
O Dr. Marco Aurélio Lipay, médico de cirurgia em Urologia, alerta que 25% das pessoas com câncer de próstata morrem da doença. Especialmente porque o diagnóstico muitas vezes ocorre apenas quando os sintomas começam a aparecer. Nesta fase, porém, 95% dos casos já estão em estágio avançado.
Essa estatística é muito triste porque sabemos que, se detectado precocemente, as chances de cura são superiores a 90%.
Com tantas possibilidades de cura, por que o diagnóstico é tão tardio?
Por várias razões.
A primeira é que quando os sintomas aparecem, a doença já está em estado avançado. É onde os homens vão ao médico. No entanto, as chances de cura são menores.
Em princípio, é considerada uma doença associada a homens idosos. É por isso que muitos jovens não percebem que precisam visitar o urologista. Mesmo quando há história familiar ou outros fatores de risco. Especialistas sugerem visitas regulares ao urologista a partir dos 45 anos.
Mas o principal motivo é a negligência! Isso porque ainda existe um imenso preconceito por parte dos homens em relação à medicina preventiva. Sim, estamos falando do tabu do toque retal.
Tabus e preconceitos que dificultam o diagnóstico
O toque retal ou toque de próstata é um dos grandes aliados da saúde do homem. É um exame clínico, rápido e indolor, mas que permite ao médico observar as características da próstata. Através deste procedimento o médico pode avaliar a forma, tamanho e textura da próstata. Ao mesmo tempo, permite verificar a presença de nódulos, que podem ser indicativos de um tumor. E não, não há outro teste que possa substituí-lo.
Portanto, é um exame necessário que permite o diagnóstico precoce do câncer de próstata, assim como de outras doenças. Segundo o Dr. Drauzio Varella, a lista de doenças que podem ser diagnosticadas inclui problemas como fissuras anais, hemorroidas e outras alterações no reto, uretra, ânus e canal vaginal. Sim, as mulheres também podem precisar deste teste.
Mas como envolve a inserção do dedo indicador do médico no reto do paciente, esse teste é motivo de muita piada e constrangimento.
Segundo o urologista Dr. Rodolfo Santana, “o medo de ser monitorado por esse exame é um grande mito da saúde masculina”.
De fato, o medo, a ignorância, a vergonha ou o medo de que a masculinidade seja afetada são os principais obstáculos.
A região anal, principalmente para os homens, ainda está fortemente associada à provocação. Mas como diz o oncologista Dr. Leonardo Andrade Pinheiro, é preciso vencer o preconceito. Em primeiro lugar, “os homens precisam lidar com seus problemas de saúde de forma mais madura. A conscientização é a melhor forma de quebrar esse tabu”, enfatiza o médico.
Superando o preconceito
A questão da conscientização é essencial para superar o preconceito. Segundo o urologista Dr. Mário Chammas, a campanha Novembro Azul tem sido importante nesse sentido.
De fato, a campanha leva a informação a um número maior de homens, incentivando-os a fazer uma consulta preventiva. Mas sua ação vai além.
A especialista em psicologia, Tatiana Pimenta, aponta a necessidade de atingir amplamente o modo de pensar de todos os homens. Sem dúvida, se os homens têm medo ou preconceito de ir ao médico, é esse mesmo preconceito que deve ser revisto.
O primeiro passo, segundo o especialista, é deixar claro que os procedimentos médicos não envolvem orientação sexual, dor ou brincadeiras. Pelo contrário, é uma questão de saúde crucial. Vai além de credo, orientação sexual, identidade de gênero e qualquer outra coisa. Mas também precisamos rever o que entendemos por masculinidade.
Com isso em mente, muitas ações do Novembro Azul vão além do âmbito do câncer em si.
Entre as ações da campanha está chamar a atenção para o tema. Para isso, os monumentos são iluminados de azul neste mês, como é o caso do Cristo Redentor, considerado por muitos o símbolo do Brasil.
Fonte: Portal Audaces