Violência. Sem ela todo mundo é mais feliz

Violência contra a mulher: Um problema de todos

Números apontam que em 72,1% dos casos de violência contra a mulher, os agressores são os próprios maridos, companheiros ou ex-companheiros, e que 51,3% dessas mulheres correm risco de morte.

O dia 25 de dezembro de 2008 vai ficar para sempre na memória de Alessandra Negreiro*. Foi exatamente nessa data em que começaram as agressões em casa. Segundo ela, qualquer desentendimento era motivo para o
marido espancá-la.

“Na época minha filha tinha dois anos de idade. E, eu lembro que uma vez ele me bateu tanto que eu peguei minha filha e me tranquei no banheiro. E nós duas ficamos o dia todo ali, trancadas, sem comer, sem tomar água, pois tínhamos medo de sair”.

Alessandra faz parte de uma estatística alarmante no Brasil. Segundo dados da Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres, somente nos últimos 12 meses um milhão e trezentas mil mulheres acima de 15 anos foram agredidas.

Pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC, revela que a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas violentamente no Brasil. E a situação já foi ainda pior: há 10 anos eram oito mulheres espancadas neste mesmo intervalo.

O medo de denunciar e a dependência financeira ao marido, ainda são os principais empecilhos considerados pelas mulheres. “Eu não trabalhava, era apenas uma dona de casa. Então eu não podia simplesmente largar meu marido. Como eu ia sustentar minha filha? Como eu ia pagar aluguel? Fui obrigada a aguentar tudo aquilo”, explica Alessandra.

O marido de Alessandra era dependente químico e justamente quando estava sob o efeito de drogas as  agressões eram mais constantes. Segundo o assistente social de Blumenau/SC, Ricardo Bortoli, as drogas ajudam a desencadear a violência, mas não são elas as responsáveis pelas agressões. “O marido chega bêbado em casa, por exemplo, e bate na mulher. O álcool o ajudou a tomar aquela atitude, mas a violência já estava neste homem. E os motivos podem ser os mais diversos, desde ciúmes, por exemplo, ou até mesmo uma violência que o próprio agressor tenha sofrido na infância e que agora repete na fase adulta”, explica.

A dona de casa só teve coragem de denunciar o agressor quando conheceu os profissionais da Secretaria de Assistência Social de Blumenau/SC. Após fazer Boletim de Ocorrência, ela foi encaminhada ao abrigo Casa Elisa, destinado às mulheres vítimas de violência. Os próprios profissionais da prefeitura conseguiram a encaminhar para um emprego.

“Hoje sou auxiliar de serviços gerais. Cuido da minha filha e consigo pagar certinho meu aluguel. Até já comprei um colchão e agora estou cuidando de mim, arrumando meus dentes”, diz Alessandra com orgulho.

Romper o ciclo de violência dentro das famílias ainda é o principal desafio. A Lei Maria da Penha, sancionada pelo presidente Lula, em 2006, veio para coibir as agressões no âmbito doméstico e familiar. No entanto, ainda é preciso avançar muito para erradicarmos a violência.

Fedra Luciana Konnel

Fedra Luciana Konnel, delegada de Polícia Civil

Conversamos com a delegada de Polícia Civil, de Jaraguá do Sul/SC, Fedra Luciana Konnel, que ministra palestras sobre a Lei Maria da Penha por todo o Estado de Santa Catarina. Ela aborda o tema também com uma visão particular, já que foi vítima de violência no seu primeiro casamento. Hoje, além de delegada, Fedra é advogada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher.

SB – A pergunta que não quer calar: a Lei Maria da Penha realmente funciona?

FEDRA – A Lei funciona, mas não como deveria. O problema não é tanto a legislação, mas sim uma questão cultural. Muitas mulheres desistem da denúncia e aceitam novamente o agressor, ou seja, continuam o ciclo de violência. Já aconteceram casos em que nós prendemos o agressor e a própria mulher dele pagou fiança no dia seguinte.

SB – As pesquisas revelam que nos últimos 12 meses um milhão e trezentas mil mulheres foram violentadas. O que está acontecendo? Os casos de violência estão aumentando ou as mulheres estão denunciando mais?

FEDRA – Com certeza as mulheres estão denunciando mais. Hoje elas são mais independentes e não querem mais ser submissas ou terem de aguentar situações de violência. A Lei Maria da Penha também está estimulando essas mulheres a não suportarem mais estes tipos de situações.

SB – Há relatos de mulheres que fizeram boletim de ocorrência contra seus agressores, fizeram ainda o exame de corpo de delito e, no entanto, seus agressores não foram presos. O que acontece nestes casos?

FEDRA – Bom, infelizmente a Lei só funciona nestes casos para os pobres, pois em algumas situações o  agressor rico paga fiança e já é liberado no dia seguinte. Se houver reincidência, o juiz irá decretar ou não a prisão preventiva deste homem. Mesmo assim, a Lei Maria da Penha é um grande avanço, só precisamos nos adequar para alguns casos.

SB – Em que ainda precisamos avançar?

FEDRA – Acho que a questão cultural é a mais importante. As mulheres não podem encarar a violência como algo normal. Eu sei que é difícil. Aliás, só quem sofreu violência sabe. No meu caso, foi o meu primeiro casamento e demorei muito tempo para denunciar o meu marido agressor. Depois que fiz a denúncia, também demorei muito tempo para recuperar minha auto-estima. Mas hoje eu sei o quanto a minha denúncia foi importante. Então eu acho que a questão cultural precisa de mais atenção, pois a violência não pode ser tida como normal dentro de casa.

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Por que Cachorro Late a Noite

É realmente uma grande encheção de linguiça e muita vontade de contar com financiamento público para a agenda feminista. O problema da violência no Brasil é CONTRA O SER HUMANO, e não contra a mulher.

Segundo pesquisa do IBGE (2011), para cada mulher entre 20 e 24 anos que morre no Brasil, o país perde quatro homens na mesma faixa etária. Isso é quase um holocausto diário!

No Brasil, segundo dados oficiais do Governo (SIM/Datasus/MS), em 2010 tivemos um número absoluto de 52.970 homicídios no Brasil. Desse total, foram assassinados 48.493 homens e apenas 4.477 mulheres. Ou seja, quase 11 vezes mais homens sendo assassinados do que mulheres. Ou, 91,5% do total de vitimados, enquanto que as mulheres, apenas 8,5% desse total.

80% das mortes por violência doméstica são de homens! São dados OFICIAIS DO GOVERNO!

A vítima da violência, se tiver um sexo, é do sexo masculino!

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